Baú de ideias
Luiza
Romão
ATIVIDADE 2
Peça para que observem as imagens em anexo.
Elas fazem parte do livro “Sangria”, de Luiza Romão, no qual a autora constrói o livro tomando como base o ciclo menstrual, trazendo 28 poemas (um para cada dia do ciclo), que acompanham as fases biológicas da mulher e, também, denunciam os traumas tipicamente femininos. Seus versos resgatam a perspectiva feminina sobre os acontecimentos históricos do Brasil: “não à toa/ terra é substantivo feminino/ a ela pertenciam os homens/ (e não o contrário)/ não à toa/ neutralidade termina em “o”/ (uma língua dominada não comporta assovios)”
Utilizando o seguinte trecho da mesma obra:
DIA 5. LOCAL DE NASCIMENTO
(américa)
uma mulher não é um território
mesmo assim
lhe plantam bandeiras
uma mulher não é um souvenir
mesmo assim
lhe colam etiquetas
mais que nuvem
menos que pedra
uma mulher não é uma estrada
não lhe penetre as cavidades
com a fúria
de um minerador hispânico
o ouro que lhe brota da tez
é antes oferenda
que moeda
uma mulher descende do sol
ainda que
forçado à sombra
Proponha um exercício cênico, no qual cada grupo produza de 2 a 4 imagens corporais inspiradas no poema. Em seguida, peça para que coloquem as imagens em alguma ordem, pensando na transição entre elas. A dinâmica do exercício deve ser assim: construção da imagem 1 - congela, transição para imagem 2 - congela, transição para imagem 3 - congela.
Após apresentarem o exercício aos demais, com a terceira imagem ainda congelada, solicite que a “plateia” nomeie a sequência de cada grupo.
Atividade 3
hécuba
o primeiro estudava biologia
os gêmeos gostavam de rock
o nono não foi batizado
o mais alto era alérgico
o barbudo falava dormindo
os do meio jogavam hóquei
o caçula tinha dislexia
o décimo sexto gostava de rapazes,
os de cabelo curto trabalhavam no centro
o oitavo calçava quarenta-e-três
os menores comiam escondido
o centésimo nasceu em outubro
sim senhor
eram todos meus filhos
agora sai da frente
Divida os alunos em cinco ou seis grupos e apresente o poema acima. Solicitem conversem sobre ele e também que respondam à seguinte questão: Por que ele se chama “hécuba”.
Em seguida oriente que criem uma cena com começo, meio e fim, sem o uso da palavra e que dê conta de alguma forma daquilo que entenderam acerca do poema. Não precisa ser literal, pode ser o resultado de um desdobramento, uma impressão, enfim.
Dando sequência os grupos apresentam entre si e discutem numa roda de conversa as cenas e possíveis abordagens escolhidas por cada um deles.
ATIVIDADE 1
Apresente aos alunos o poema “menelau” de Luiza Romão, em seguida discutam sobre ele: Do que a autora fala? Por que recebeu este nome?...
menelau
G Am
você me abandonou feito cachorro em dia de
chuva
G
eu era sol e você minha lua
Am
minha mão só encaixa na sua
G Am
diga se queres ser minha ou preferes ser viúva
G/B C
não podes não me amar
G/B C
não podes não me querer
Em Am
eu prefiro até morrer
C Am
a ver outro te beijar
C Am
a ver outro te morder
G Am
não vou suportar (2x)
No corpo do texto existem letras acima do poema. O que significam? Porque será que Luiza inseriu esse elemento no poema?
Pergunte se na sala de aula alguém toca violão. Sempre há alguém... mas se não houver, convide outro professor, ou funcionário. Peça para que o(a) escolhido(a) estude as cifras e durante um encontro com a turma, toque a sequência de notas sugeridas pela autora.
Em seguida, divida-os em grupos menores e proponha que façam o exercício de juntar letra e música.
Partilhem os resultados!!!
Atividade 4
Escolha seis poemas do livro “Também guardamos pedras aqui” e imprima pelo menos cinco vezes cada um deles, de forma que todos os alunos da sua sala em determinado momento sejam contemplados com um. É importante que estejam impressos individualmente.
Após uma caminhada silenciosa e consciente do grupo pelo espaço, entregue um poema para cada aluno. A caminhada é retomada e enquanto caminham leem ininterruptamente seu poema. Todos ao mesmo tempo. Terminou? Reinicia automaticamente. O importante é escutar a si mesmo durante o exercício.
Quando perceber que já percorreram a leitura pelo menos três vezes, solicite que parem onde estão. Pés paralelos, coluna alinhada, braços ao longo do corpo, abdômen ativado, bacia encaixada, olhar para o horizonte. Silêncio é necessário.
Oriente que ao sentir seu toque nas costas, o aluno deve ler em voz alta seu poema. Não dê espaço entre um aluno e outro. Em determinado momento, peça para que pesquisem formas diferentes de falar seu texto, mudando de intenções e entonações. Exemplo: canto gregoriano, gargalhando, chorando, espirrando, conversando com uma vovó que não ouve direito, cochichando, pregando como um pastor, dando bronca, cantando, etc…
Em seguida conversem sobre as incontáveis formas de entendimento de um mesmo texto, quando dito de maneiras diferentes.
Dê o prazo de uma semana para trabalharem o texto em casa e escolherem uma forma de apresentá-lo aos demais, num formato de sarau.