Baú de ideias
Eliana alves cruz
ATIVIDADE 2
Eliana Alves Cruz antes de qualquer outro ofício, traçou o caminho do jornalismo.
No poema abaixo utilizou o seguinte dado estatístico divulgado por um veículo de comunicação, como inspiração:
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Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil.
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Mulheres negras têm ao menos três vezes mais chances de sofrer feminicídio no Brasil.
Dados do Monitor da Violência, uma parceria do portal G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As 12 mulheres do dia oito
“Somos as vozes das 12 mulheres que não verão o sol do dia 9 de março.
Somos as vozes daquelas que não receberam flores ou perfumes;
O grito mudo das que viram a lâmina como último brilho
...ou a bala como derradeira carícia
Somos a lágrima do olho que, roxo, não conseguiu chorar
Se nosso corpo os provoca até o ponto da posse,
Não é culpa nossa a vossa doença
Baseada na crença de que somos a raiz dos pecados do mundo
Somos os 12 ventres abertos por mãos que esmagam sem tocar
Os 12 hematomas na boca do estômago
O septo desviado
O crânio fraturado
Somos as fêmeas que pariram as putas do teu xingamento
E teu alimento em leite de peito e mel das entranhas
Doze mulheres num beijo de morte
Doze vaginas à própria sorte
Doze seres expostos aos julgamentos
Linchamentos, excrementos
Somos 12 mulheres e, sabemos, vocês não conseguem ver
Temos aqui ao menos oito rostos pretos,
Pois a lágrima clara não se comove fácil pela pele escura
Não estamos sós
A nós, não se enganem, amanhã se juntarão mais doze
Talvez uma moça que recebeu flores
Ou uma mãe que guardou no armário algum presente
Quem sabe a noiva de aliança no anular
Ou a ambulante chegando a casa depois de tanto lutar
Talvez a rica senhora que se acha protegida
Ou a indigente igualmente preterida
E ainda tem aquela, a executiva
Nenhuma de nós está excluída da possibilidade de virar estatística
Doze... vinte quatro...quarenta e oito...
4.380 ao final de um ano comemorado em natal e réveillon
Pelos homens de boa vontade”
Apresente o poema de Eliana e analise-o com seus alunos. Em seguida recolha alguma notícia ou um dado estatístico recente e relevante, de preferência que tenha tido grande repercussão. Em seguida, convide-os a escrever dentro do mesmo estilo literário.
Caso você perceba que existe abertura para que escolham eles mesmos uma referência que os motive a escrever, estimule! É importante apenas que, ao entregarem suas produções tragam também a notícia ou o dado estatístico que lhes serviu de inspiração.
Atividade 3
Em seu livro “Água de Barrela” Eliana Alves Cruz nos apresenta a linhagem de sua família, tendo como objetivo fazer resistência ao apagamento da história negra em nosso país.
Durante a pesquisa que realizou para produzir o livro se deparou com situações muito particulares, fez várias descobertas e desvelou curiosidades.
Na obra encontramos histórias, documentos, fotos, cartas, e muitas outras referências, inclusive uma árvore genealógica precisa.
Qual será a importância de conhecermos as raízes da nossa história? Porque será que Eliana sentiu tanta necessidade de realizar esta pesquisa e eternizá-la em uma obra literária?
Lance esse desafio aos seus alunos. Dê um prazo estendido para que recolham o máximo possível para construírem um dossiê de suas famílias: algumas histórias, fotos, cartas, documentos ou quaisquer outros elementos que julguem importantes para essa construção histórica pessoal tão significativa - a construção de uma árvore genealógica é imprescindível.
Encontrem conjuntamente uma maneira de compartilhar essas histórias de vida. E ao final de todo esse projeto, avaliem se esse processo todo fez sentido, e se fez, em quais âmbitos.
ATIVIDADE 1
“O senhor Bernardo Lourenço Viana, conhecido comerciante do Valongo, foi achado morto na Rua Detraz do Hospício N. 137, em frente a huma morada de cazas de sobrado com três janellas de frente, que encontra-se vazia para venda. A Intendência Geral da Polícia está a investigar as estranhas circunstâncias em que foi encontrado o corpo.”
Gazeta do Rio de Janeiro – Avisos – 23/08/1809
O trecho acima inspirou Eliana a escrever o romance “O crime do cais do Valongo”, um romance policial.
Sem oferecer referências iniciais, apresente esta notícia aos alunos. Analise o breve contexto, datas, endereço, escrita. Em seguida, proponha que escrevam um texto narrativo dando continuidade a esta nota retirada do quadro de “Avisos” do jornal Gazeta do Rio de Janeiro.
Quem cometeu o crime? Porque? Em quais circunstâncias? Quais foram as motivações?...
Depois de realizarem a entrega de seus textos, apresente os trechos da obra disponibilizados no campo “Minha Obra”, deste mesmo site. Porém, se possível for, dê prioridade para que leiam a obra na íntegra.
Atividade 4
Escrevendo a partir de uma imagem.
Peça aos alunos que solicitem a algum familiar uma foto antiga da família, pela qual sintam apreço. Preferencialmente que o aluno não saiba ao certo quem são as pessoas que compõem a imagem, tampouco onde estão. Neste momento não devem pedir maiores explicações ou contextualizações.
Através da escrita de um texto narrativo, devem construir uma história a partir dessa imagem. Utilizando-se da criatividade e da análise da imagem, devem atribuir um “antes” e um “depois” para aquele momento capturado pela câmera.
Somente após a finalização do exercício, solicitar ao familiar que compartilhe com o aluno a “verdadeira história” que deu origem àquela foto.